PRA ONDE VOCÊ ESTÁ INDO MESMO?
- Fernando Polignano

- 7 de fev. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de fev. de 2022
‘VAMU-QUI-VAMUS’
Parece Latim, mas é apenas o que, em Latim, seria designado como ‘vulgaris linguae’ – a linguagem popular. A expressão, ‘vamu-qui-vamus’, nascida nos comentários de futebol, ganhou caráter de incentivo e é amplamente usada por ‘todo mundo’, em especial nas empresas, e quase sempre com a intenção de criar um ânimo, motivar.
Sim, motivar é um sentido que pode ser relacionado à essa expressão. Porém, ao se aprofundar para encontrar outros sentidos que ela também pode revelar, surpresas aparecem. Quer ver? Responda aí:
- Você... vive sua vida no ‘vamu-qui-vamus’?
... dirige seu carro ou pilota sua moto no ‘vamu-qui-vamus’?
... cria seus filhos no ‘vamu-qui-vamus’?
... cuida do seu cachorro, gato ou papagaio no ‘vamu-qui-vamus’?
...usa seu dinheiro ou cartão de crédito no ‘vamu-qui-vamus’?
Aposto que suas respostas são ‘Não!’, e com ênfase.
Claro que não, porque para fazer todas essas coisas há atenção, cuidado, zelo, responsabilidade no seu agir, e tudo é resultado de escolhas que fazemos todo o tempo. Só que a expressão, se tomada pura e simplesmente pelo que propõe em sua simplicidade, é como uma ordem de comando - siga em frente como der, e dê seu jeito, faz aí!
Mas não se vive a vida assim. ‘Vamu-qui-vamus’ é como um toco de madeira ou um galho na correnteza. Não há escolha e nem direcionamento claro, não há definição de um rumo e muito menos um propósito de ‘pra quê’ e ‘porquê’ ir para onde se vai. O que é totalmente diferente de quando há uma escolha verdadeiramente bem-feita, que analisou para avaliar alternativas, pesou ganhos e perdas, considerou riscos e possibilidades.
Então, que tal ter atenção com essa ‘vulgaris linguae’, e entender melhor o que realmente se quer transmitir quando se usa a tal expressão? O sentido é motivacional? É para ‘dar uma força’, apoiar, é para incentivar? Há formas melhores e mais claras para fazer isso. Além do mais, quem usa essa expressão com outras pessoas - colaboradores na empresa, por exemplo, os chamados liderados – não demonstra estar ‘seguindo junto’, parece mais estar ‘delargando’ para a pessoa a quem se dirige assim, a responsabilidade pelo ir adiante e pelos resultados.
E quando você ouve o ‘vamu-qui-vamus’ e aceita, sem questionar, na realidade está entregando a liderança das suas escolhas e ações à correnteza, ao acaso. Daí, talvez seja bom ouvir aquele samba que diz: “ Deixa a vida me levar, vida leva eu...”. Boa sorte, se essa for a sua escolha! Se não for, encontre a sua melhor forma para motivar. Faça suas escolhas e daí sim, pode fluir na correnteza, mas não mais como um toco arrastado, e sim como um peixe, vivo e se direcionando para alcançar o objetivo que faz sentido para você ir buscar.
O Ser do humano me fascina.
Fernando Polignano atua na área de Desenvolvimento Humano e Estratégias de Liderança e Relacionamento.












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